"Um romance histórico inovador. Personagem principal, o Convento de Mafra. O escritor aparta-se da descrição engessada, privilegiando a caracterização de uma época. Segue o estilo: "Era uma vez um rei que fez promessas de levantar um convento em Mafra... Era uma vez a gente que construiu esse convento... Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes... Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido". Tudo, "era uma vez...". Logo a começar por "D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa a até hoje ainda não emprenhou (...). Depois, a sobressair, essa espantosa personagem, Blimunda, ao encontro de Baltasar. Milhares de léguas andou Blimundo, e o romance correu mundo, na escrita e na ópera (numa adaptação do compositor italiano Azio Corghi). Para a nossa memória ficam essas duas personagens inesquecíveis, um Sete Sóis e o outro Sete Luas, a passearem o seu amor pelo Portugal violento e inquisitorial dos tristes tempos do rei D. João V."
O Apoio Pedagógico de Português é um complemento directo para qualquer sujeito com voz activa que queira conjugar o verbo conhecer em todos os tempos para alargar as fronteiras do conhecimento.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
José Saramago dixit...
A Língua, o instrumento fundamental de comunicação, é tratado como se fosse um esfregão. Os jovens saem da universidade a escrever mal e, quem escreve mal, não consegue pôr por escrito uma ideia.
As mulheres são os motores dos homens. Na minha infância, quando vivia com os meus avós maternos, via-se perfeitamente que naquela casa a grande força era a minha avó. E durante toda a vida pude sempre comprovar que num casal a figura forte é a da mulher. O homem alimenta-se da força delas.
Nos últimos tempos eu cheguei a uma conclusão - que eu não tinha reconhecido como tal -, de que, no fundo, a grande influência literária na minha maneira de escrever, na minha maneira de encarar a questão do relato, da narração, foi o Almeida Garrett.
Sou mais honesto a pagar os meus impostos que muitos dos ricaços que estão por aí, que os sonegam, que os escondem e os levam para paraísos fiscais.
A Viagem do Elefante
Em meados do século XVI o rei D. João III oferece a seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V, um elefante indiano que há dois anos se encontra em Belém, vindo da Índia.
Do facto histórico que foi essa oferta não abundam os testemunhos. Mas há alguns. Com base nesses escassos elementos, e sobretudo com uma poderosa imaginação de ficcionista que já nos deu obras-primas como Memorial do Convento ou O Ano da Morte de Ricardo Reis, José Saramago coloca agora nas mãos dos leitores esta obra excepcional que é A Viagem do Elefante.
Neste livro, escrito em condições de saúde muito precárias não sabemos o que mais admirar - o estilo pessoal do autor exercido ao nível das suas melhores obras; uma combinação de personagens reais e inventadas que nos faz viver simultaneamente na realidade e na ficção; um olhar sobre a humanidade em que a ironia e o sarcasmo, marcas da lucidez implacável do autor, se combinam com a compaixão solidária com que o autor observa as fraquezas humanas.
Fonte: http://www.josesaramago.org/
domingo, 11 de julho de 2010
José Saramago partiu do mundo dos vivos no dia 18 de Junho de 2010, mas as lições que nos deixou continuam bem vivas.
Eis algumas das suas 'lições' de/para a vida:
- Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.
- Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
- Por mais graves que os problemas sejam, jamais terão a gravidade da terra!
- Só se nos detivermos a pensar nas pequenas coisas chegaremos a compreender as grandes.
- Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória.
- O silêncio ainda é o melhor aplauso.
- A nossa maior tragédia é não saber o que fazer com a vida.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Passado, Presente, Futuro
Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.
Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.
Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.
José Saramago, in Os Poemas Possíveis
Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,

Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.
Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.
Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.
José Saramago, in Os Poemas Possíveis
Doutor "honoris causa" 37 vezes

José Saramago foi distinguido 37 vezes, no espaço de 16 anos, com o doutoramento honoris causa (por motivo de honra, a título honroso) em várias universidades do globo.
A Universidade de Turim, em Itália, no ano de 1991 foi a primeira a distingui-lo, seguindo-se a de Sevilha em Espanha. As únicas universidades portuguesas que agraciaram Saramago com o título honoris causa foram a de Évora, em 1999, e a de Coimbra, em 2004.
Conheça as universidades que a título honroso atribuíram o doutoramento a José Saramago.
terça-feira, 6 de julho de 2010
"O homem mais sábio que conheci..."

Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. […] Ajudei muitas vezes este meu avô Jerónimo nas suas andanças de pastor, cavei muitas vezes a terra do quintal anexo à casa e cortei lenha para o lume, muitas vezes, dando voltas e voltas à grande roda de ferro que accionava a bomba, fiz subir a água do poço comunitário e a transportei ao ombro, muitas vezes, às escondidas dos guardas das searas, fui com a minha avó, também pela madrugada, munidos de ancinho, panal e corda, a recolher nos restolhos a palha solta que depois haveria de servir para a cama do gado.
[...]
Excerto do discurso de José Saramago proferido perante a Real Academia Sueca, a 7 de Dezembro de 1998
Imagem: Exposição "A Consistência dos Sonhos", Palácio da Ajuda, 2008
Os galardões do nosso Nobel da Literatura

Texto: Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto: Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2
Imagem: Exposição "A Consistência dos Sonhos", Palácio da Ajuda, 2008
segunda-feira, 5 de julho de 2010
José Saramago: percurso de vida

Escritor português, José Saramago nasceu a 16 de Novembro de 1922, em Azinhaga, no concelho da Golegã. Ficcionista, cronista, poeta e autor dramático, coube-lhe a honra de ser o primeiro autor português distinguido com o Prémio Nobel da Literatura, em 1998, consagrando, no seu nome, o prestígio das letras portuguesas contemporâneas além-fronteiras. Atribuição tanto mais meritória quanto a sua existência encontrou sempre condições adversas à satisfação da sua sede de cultura, ao longo de um percurso biográfico pejado de obstáculos.
Oriundo de uma família humilde, José Saramago não pôde, por dificuldades económicas, prolongar os estudos liceais; depois de obter o curso de serralheiro mecânico, desempenhou simples funções burocráticas e conheceu, em 1975, o desemprego - que não o impediria, porém, nem de manter uma postura cívica exemplar, marcada pelo empenhamento político activo, antes e após o regime salazarista, nem de, graças a um trabalho de autodidacta, adquirir um saber literário, cultural, filosófico e histórico incomparável, nem de se tornar um dos raros escritores profissionais portugueses.
Oriundo de uma família humilde, José Saramago não pôde, por dificuldades económicas, prolongar os estudos liceais; depois de obter o curso de serralheiro mecânico, desempenhou simples funções burocráticas e conheceu, em 1975, o desemprego - que não o impediria, porém, nem de manter uma postura cívica exemplar, marcada pelo empenhamento político activo, antes e após o regime salazarista, nem de, graças a um trabalho de autodidacta, adquirir um saber literário, cultural, filosófico e histórico incomparável, nem de se tornar um dos raros escritores profissionais portugueses.
Quer conhecer melhor José Saramago? Vá até:
Texto: Diciopédia 2010 [DVD-ROM]. Porto: Porto Editora, 2009. ISBN: 978-972-0-65265-2
Imagem: Exposição "A Consistência dos Sonhos", Palácio da Ajuda,2008
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